Pela primeira vez, o Hackathon Empreende Belém, evento realizado pela Vale e pelo Sebrae, reuniu dentro da programação da feira Pará Negócios, no Hangar, programadores, designers, geólogos, engenheiros e outros profissionais para pensar em soluções inovadoras e negócios socioambientais com impacto positivo que têm por objetivo ajudar a capital paraense a estar preparada para a COP-30 e para os desafios de um futuro mais sustentável e inclusivo.

Combinando conhecimentos multidisciplinares, o evento foi marcado pela participação ativa e colaboração entre os participantes, resultando em soluções inovadoras para questões sociais relacionadas à infraestrutura, saneamento, turismo e bioeconomia. Foram dois dias de uma maratona de palestras, reuniões e rodadas de mentorias e pitchs – apresentações rápidas de ideias de negócios que resolvam uma necessidade do mercado ou de um grupo específico de usuários - feitas por 12 grupos, de, no mínimo, 10 pessoas.

Os 10 projetos apresentados mergulharam em ideias que abordaram desde a sustentabilidade na construção civil, a ampliação da visibilidade dos pontos turísticos de Belém, a conexão entre cooperativas de coleta seletiva, até a distribuição de água potável para pequenos negócios localizados na região das ilhas. As apresentações foram avaliadas por uma banca especializada nas categorias modelo de negócios, design/experiência de usuário, viabilidade técnica e econômica e contribuição para o desenvolvimento sustentável da região para a bioeconomia.

Nesta primeira edição do Empreende Belém, três iniciativas foram selecionadas e as equipes receberam premiações em dinheiro. Em terceiro lugar, os jurados escolheram o projeto Caminus, que propõe a adoção de uma estufa automática à base de luz Ultravioleta (UVA) para secagem mais rápida de materiais biodegradáveis, como fibras, caroços e sementes, que podem auxiliar negócios ligados à confecção das chamadas biojoias. O time recebeu três mil reais pela inovação proposta, ingressos para participação no evento de inovação CASE, em São Paulo, além de cesta de produtos amazônicos e a possibilidade de utilizar o espaço de parceiros como o Centro Universitário do Pará (Cesupa) para dar continuidade ao projeto.

Garantindo o segundo lugar na competição, o projeto Hydrus chamou a atenção do júri ao propor uma solução sustentável para melhoria no tratamento e no acesso à água potável na região insular de Belém. Nas ilhas ao redor da capital, as comunidades, em geral, possuem um gasto elevado com a compra de água potável. Com a criação de um equipamento de baixo custo que utiliza, na filtragem da água, o caroço do açaí em lugar do carvão ativado, o projeto Hydrus pretende promover o acesso à água limpa e de qualidade de forma mais econômica para as populações ribeirinhas. Com a ideia, a equipe levou para casa cinco mil reais.

O destaque ficou por conta do projeto Concreto Verde, que propõe a utilização do vidro triturado misturado ao concreto para a fabricação de bloquetes sustentáveis. Inspirado no conceito de economia circular, o Concreto Verde não só pretende ajudar o meio ambiente com a redução do uso de areia, como também cria oportunidades para catadores e coletores de vidro com incremento na renda mensal e reciclagem do material coletado para a criação de um produto sustentável e com maior valor agregado. Como resultado, os bloquetes podem ser utilizados como alternativa de baixo custo na construção civil, ideia que garantiu à equipe vencedora o prêmio máximo de sete mil reais.

Os realizadores do Hackathon Empreende Belém destacaram a importância dessas iniciativas e o potencial real de transformação que cada uma delas traz para Belém. Para o Diretor de Tecnologia da Vale na região Norte, Hélio Mosquim, com parceria e criatividade, o evento cumpriu seu papel e trouxe bons resultados em inovação que podem atender às necessidades da cidade e trazer melhorias para a vida das comunidades. “Os temas tratados foram muito relevantes, as tecnologias foram muito inovadoras e com certeza têm altíssimo potencial. A parceria entre as entidades, junto com as capacitações, as mentorias e demais atividades conjuntas desenvolvidas no evento conseguiram dar um direcionamento maior para que esses grupos pudessem impulsionar suas ideias e alavancar seus negócios com o olhar da sustentabilidade em primeiro lugar. Para a Vale, participar de um evento como esse é fundamental para ampliar o conhecimento e as conexões com as universidades, organizações e se integrar cada vez mais com toda a sociedade paraense para contribuir com a construção de um futuro mais sustentável e inclusivo para todos”, afirmou o Diretor.

“Foram momentos de grande aprendizado e de troca de ideias, com participantes de várias áreas, por isso o resultado só podia ser o sucesso que foi. Cumprimos o objetivo de apresentar propostas concretas para solucionar algumas questões que precisam ser trabalhadas em nossa cidade, com um olhar empreendedor e mostrando que é possível ter um negócio bom para quem empreende, mas, acima de tudo, para a sociedade”, destacou a diretora técnica do Sebrae no Pará, Domingas Ribeiro, lembrando que essa ação está alinhada às estratégias da entidade com vistas à COP 30. “Dois dos nossos pilares de atuação para a COP 30 são sustentabilidade e inovação, por entendermos a grande importância que têm e o quanto os empreendedores precisam de apoio nessas áreas”, ressalta a diretora.

À medida que o Hackathon Empreende Belém se aproximava do fim, a energia e o entusiasmo dos participantes permaneciam evidentes. Mesmo não selecionadas, as equipes expressavam o desejo de continuar trabalhando em suas ideias para torná-las realidade tangível, vislumbrando um futuro onde a tecnologia e a inovação sejam catalisadoras de mudanças sociais significativas na capital paraense.