Flora mineira ganha reforço para sua conservação
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Flora mineira ganha reforço para sua conservação
O Brasil possui uma das floras mais ricas do mundo, abrigando aqui um terço da biodiversidade vegetal existente. Isso significa que 11 mil espécies - de um total de 33 mil – são encontradas no nosso território, e boa parte delas em um tipo específico de formação vegetal, ainda bastante desconhecida pelos brasileiros, chamada de campos rupestres. Preocupados com a conservação dessas formações, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) e a Vale assinaram um Acordo de Cooperação Técnica para ações de conservação, ao longo dos próximos três anos, somando um investimento de mais de 1 milhão de reais.
Os campos rupestres são ecossistemas muito complexos, localizados acima de 900m de altitude e com uma megadiversidade para a qual o conhecimento ainda é incipiente. Ao longo de toda Serra do Espinhaço formam ricos mosaicos de comunidades, com alto grau de endemismo, ao mesmo tempo são extremamente frágeis e com baixa resiliência. Para possibilitar a conservação desses ambientes com espécies raras, ameaçadas e endêmicas, foram criados os parques, as estações ecológicas, as reservas biológicas, reservas particulares reservas da biosfera, entre outros.
Umas das estratégias que serão adotadas na execução do Acordo de Cooperação é a conservação chamada ex situ, que é a guarda e reprodução de espécies, sementes e recursos genéticos fora do seu habitat natural de ocorrência, papel inerente aos jardins botânicos. A Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CBD) destaca a importância da utilização desta estratégia como defesa da diversidade biológica, uso sustentável dos seus componentes e a repartição dos benefícios do uso dos recursos genéticos. Zoológicos, aquários e jardins botânicos são exemplos de locais de conservação ex situ.
Entre as ações previstas estão a adequação da estrutura do herbário do Jardim Botânico da FPMZB, com aumento de capacidade de armazenamento do acervo em 50%; a adequação da infraestrutura para armazenamento e beneficiamento de sementes e a ampliação do espaço para acondicionamento da coleção viva de campos rupestres, visando acondicionar e estudar, principalmente, germoplasma de espécies ameaçadas de extinção.
Os jardins botânicos possuem papel fundamental na conservação de espécies da flora nativa, principalmente as ameaçadas de extinção, raras e endêmicas. Estas instituições visam o desenvolvimento de pesquisas e programas de educação ambiental. “A parceria com a Vale é muito bem-vinda, pois as coleções de referência são verdadeiros museus vivos e irão permitir que a sociedade conheça a biodiversidade e a importância das plantas para a vida no planeta. Além disso, o Jardim Botânico é fundamental na elaboração de planos, no sentido de promover a conservação de espécies ameaçadas, a restauração de ecossistemas naturais, atrair a atenção do público, por intermédio de programas educacionais que privilegiem a manutenção da diversidade genética e o desenvolvimento sustentável”, destaca Sérgio Augusto Domingues, presidente da FPMZB.
“O Acordo de Cooperação com o Jardim Botânico visa ampliar o plano de conservação de espécies rupestres do Quadrilátero Ferrífero, que vem sendo executado pela Vale desde 2014, com a busca de novas plantas, coleta de sementes e propágulos para estudos, reprodução e reintrodução. A FPMZB irá nos apoiar no conhecimento técnico, armazenamento e testes germinativos, uma alternativa importante para conservação da variabilidade genética presente nos campos rupestres”, destaca Ana Amoroso, engenheira florestal da Vale.
O acordo ainda conta com a reforma de estufas, laboratórios e a ampliação do armazenamento de exsicatas do herbário municipal BHZB, registrado no Index Herbariorum, estando disponível para consultas de pesquisadores do mundo inteiro. Além disso a intenção é reforçar o Jardim Botânico de BH como um importante espaço de referência para a pesquisa, formação, capacitação (bolsistas) e produção técnica científica sobre os campos rupestres.
A Vale mantém 13 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) próprias, que ocupam uma área de mais de 6 mil hectares na região do Quadrilátero Ferrífero. Além das RPPNs, a Vale mantém mais de 54 mil hectares de áreas preservadas, seja com reservas legais ou áreas de preservação permanente. Já a FPMZB é responsável por 76 parques, entre eles estão duas zonas núcleo da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço: o Parque das Mangabeiras e o Parque Serra do Curral.
O Jardim Botânico de Belo Horizonte, espaço também administrado pela FPMZB, é referência nas áreas de pesquisa e cultivo de espécies da flora brasileira, especialmente as ameaçadas, raras e endêmicas com ocorrência no estado de Minas Gerais. No Jardim Botânico de BH, existe um banco de sementes, além de coleções preservadas como o Herbário BHZB, coleção etnobotânica (que estudo e mostra relação entre os seres humanos e seu ambiente vegetal, com elementos de referência dos valores e aplicações das plantas), carpoteca (coleção científica de frutos pertencente a um herbário) e ervanário (agrega fragmentos das espécies medicinais utilizadas na farmacopeia e cuja atividade química e/ou biológica já foi comprovada cientificamente), coleção científica de plantas vivas e, também, um espaço dedicado à exposição ao público e a atividades de educação ambiental.
Coleção de Plantas Vivas do Jardim Botânico
A Coleção de Plantas Vivas do Jardim Botânico da FPMZB abriga 4,7 mil espécimes de 1,3 mil espécies nativas brasileiras, incluindo 145 espécies ameaçadas de extinção da flora brasileira, constituindo-se numa importante ferramenta aos pesquisadores de diversas áreas da Botânica e da conservação. As plantas estão organizadas por biomas (Mata Atlântica e florestas tropicais, Cerrado e Campos Rupestres, Caatinga e ambientes áridos) e são cultivadas em estrutura provisória de telas de sombreamento.
Reservas próprias em Minas Gerais
A Vale mantém 13 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) próprias, que ocupam uma área de mais de 6 mil hectares na região do Quadrilátero Ferrífero. Além das RPPN, a Vale mantém mais de 54 mil hectares de áreas preservadas. Essas áreas desempenham importante papel para a conservação de remanescentes da Mata Atlântica e do Cerrado e contribuem para a formação de corredores ecológicos e manutenção de serviços ecossistêmicos essenciais, como a manutenção do fornecimento de água, a regulação climática e a polinização. Também contribuem para a preservação das belezas cênicas e ambientes históricos.
Um exemplo é a RPPN Mata do Jambreiro, que ocupa uma área de 912 hectares na Mina de Águas Claras, em Nova Lima (MG). A reserva se configura em um bolsão de preservação da Mata Atlântica de alto valor para a conservação na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
A necessidade de elevar a Serra do Espinhaço à categoria de Reserva da Biosfera foi referenciada por trabalhos científicos que a indicavam como área prioritária para conservação no Brasil. Em 2005 a Comissão Mundial do Programa MaB-UNESCO examinou a proposta que foi aprovada por seu mérito técnico, demonstrando a competência e cooperação das diversas instituições envolvidas.
O Espinhaço apresenta uma paisagem heterogênea pois abriga ecossistemas de três importantes biomas, o Cerrado, a Mata Atlântica e a Caatinga. Essa diversidade propicia a formação áreas de transição, com espécies raras e endêmicas.O campo rupestre é o ecossistema que distingue a Serra do Espinhaço de outras regiões do mundo. Ambiente extremamente frágil e de baixa resiliência possui uma megadiversidade formada por um complexo mosaico de comunidades.
É nesse contexto que programas de cooperação como esse se justificam, pois, o conhecimento sobre a biodiversidade e a delicada trama de espécies envolvidas nos campos rupestres, ainda é incipiente e exige esforços profundos de todos os setores da sociedade