Em Brumadinho, animais silvestres são reabilitados e reintegrados à natureza
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Em Brumadinho, animais silvestres são reabilitados e reintegrados à natureza
Processo de reintrodução é cuidadoso para garantir a sobrevivência dos animais reabilitados
Animais silvestres impactados pelo rompimento da barragem I, encontrados em áreas de obras ou que estavam em situação de risco nas comunidades estão sendo cuidados e reabilitados. O objetivo é tratá-los clinicamente, acolhê-los, reabilitá-los e por fim, reintegrá-los ao seu ambiente natural. Todo o processo está alinhado aos trabalhos para recuperação ambiental e da biodiversidade da região. A ação faz parte do Plano de Proteção à Fauna, apresentado pela Vale aos órgãos públicos.
Até o fim de setembro, 39 desses animais silvestres já foram devolvidos à natureza de forma cuidadosa em conformidade com os procedimentos técnicos e legais adequados, entre eles um tucano, uma cobra-cipó, dois ouriços-cacheiros e uma seriema. Desta vez, quem ganha liberdade e será reintegrado ao seu habitat é a "Menininha", uma fêmea de carcará, espécie de ave de rapina da família dos falconídeos, carinhosamente apelidada pela equipe de veterinários e biólogos do Instituto Pro Raptors, parceiro da Vale na reabilitação desse tipo de animal.
O carcará passou um por longo processo de reabilitação e foi reintegrado à natureza, após autorização do Instituto Estadual de Florestas - IEF, um ano e cinco meses após ser entregue na Fazenda Abrigo de Fauna (FAF), criada pela Vale para o acolhimento dos animais domésticos e silvestres em janeiro de 2019. A ave, vítima de maus-tratos, foi resgatada pela Defesa Civil de Brumadinho com as asas cortadas e quebradas, infestada de piolhos e sem capacidade de voo.
"Todos os animais trazem consigo uma história, que orienta os cuidados aplicados, os prazos de permanência e, por suas características, o tipo de reabilitação e soltura. Nesse caso, foi necessário um longo processo de reabilitação. A ave estava com a saúde bastante debilitada, e pela maneira com que foi encontrada pode ter sido mantida em cativeiro, o que é proibido por Lei, destaca Cristiane Cäsar, analista de meio ambiente da Vale e PhD em comportamento animal.
O animal passou por diversos exames laboratoriais e recebeu uma alimentação balanceada para auxiliar na recuperação física e comportamental. Além disso, foram realizadas atividades para capacitação muscular, com estímulo de voos curtos e prolongados e reforço em aprendizagem de predação.
O recinto, especialmente criado para a reabilitação do carcará, possui 20 metros de diâmetro (em torno de 400 mts quadrados) e foi construído no local de soltura para promover e facilitar a ambientação e a interação com outros indivíduos de vida livre.
O projeto segue uma série de protocolos sanitários e de manejo reconhecidos mundialmente.
Processo de reintegração
Outros 21 animais ainda estão abrigados aguardando autorização para destinação, a ser emitida pelo órgão ambiental, ou em processo de reabilitação. Entre as espécies abrigadas atualmente estão: três cágados, um teiú, um gambá e uma pomba, além de outras aves. A maioria das aves abrigadas em 2019 foi encaminhada para o Criatório Científico para Fins de Conservação Fazenda Cachoeira, onde estão sendo reabilitadas pela Loro Vet Consultoria Veterinária, instituições parceiras da Vale e especializadas em readaptação e reintrodução de fauna aos ambientes naturais.
Isso ocorre, por exemplo, com 13 pássaros de diferentes espécies como rolinha-roxa, fogo-apagou, maritacas, tico-tico, trinca-ferro, azulão e canário-da-terra-verdadeiro, que estavam em cativeiros ilegais, a maioria em gaiolas, e em más condições de saúde e sem penas. Para que eles possam voltar à natureza, além dos cuidados com a saúde, foram formados grupos sociais com outros animais das mesmas espécies provenientes de CETAS (Centros de Triagem de Animais Silvestres), treinamento anti-predação e enriquecimento ambiental para simular o ambiente natural.
Desde o resgate dos animais, ao cuidado e preparação para a reintegração à natureza, o trabalho envolve a participação de um efetivo de mais de 200 profissionais, entre biólogos, veterinários, engenheiros ambientais e auxiliares de campo.
Cuidado com os animais
A Vale mantém a Fazenda Abrigo de Fauna, em Brumadinho, para identificação, cuidado e abrigo de animais domésticos e silvestres das áreas atingidas, tendo recebido cerca de 1.400 animais, desde sua implementação.
O tratamento e cuidado desses animais é feito seguindo uma série de protocolos sanitários e de manejo recomendados pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRVM), pelo Conselho Federal de Biologia (CFBio), pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e órgãos ambientais competentes (IMA, IEF, IBAMA) e auditados por empresa independente designada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
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